17.2.11

Drummond

Carlos Drmmond de Andrade (poeta, contista, cronista e modernista) é um dos meus poetas favoritos, não sei se é pelo de ser o primeiro que li com versos livres, que mostra que qualquer um pode ser poeta, sem a necessidade de ter que ficar elaborado rimas, que é chato, ou então, o jeito que ele ve o mundo, um jeito bem... ''se foda''. Bem aqui um poema dele (para não passar o dia em branco), que tirei do livro de sua autoria, Alguma Poesia (poemas escritos entre 1924 e 1930).

Infância
                                  Carlos Drummond de Andrade

Meu pai montava a cavalo, ia pro campo.
Minha mãe ficava sentada cosendo.
Meu irmão pequeno dormia.
Eu sozinho menino entre mangueiras
lia a história de Robinson Crusoé.
Comprida a história que não acaba mais.

No meio-dia brance de luz uma vozque aprendeu
a ninar nos longes da senzala --- e nunca se esqueceu
chamava para o café.
Café preto que nen a preta velha
café gostoso
café bom

Minha mãe ficava sentada cosendo
olhando para mim:
---Psiu... Não acorde o menino.
Para o berço onde pousou um mosquito
E dava um suspiro... que fundo!

Lá longe meu pai campeava
no mato sem fim da fazenda.

E eu não sabia que minha história
era mais bonita que a de Robinson Crusoé.



Bem... valorize a sua historia... e pare de pensar em como as dos outros são... talvez você esteja perdendo muito, ou não.

Nenhum comentário:

Postar um comentário